Na pornochanchada brasileira “Mansão do Sexo Explícito”, de 1985, o personagem principal é um cafetão viciado em lenocínio — crime praticado por quem explora o trabalho de prostitutas — e aficionado em organizar orgias. Transportados para a vida real, como se tivessem saído das telas do cinema, casarões no Distrito Federal abrigam eventos privativos. Neles, sessões frenéticas de transas rolam em todos os cantos.
A Mansão da Sacanagem foi concebida por dois sócios para movimentar a indústria especializada na produção de conteúdo adulto genuinamente brasiliense. Conhecido em locais que fervilham festas liberais e eventos regados a shows eróticos, o dono do negócio é Kenny King — o “Rei da Putaria” —, como ele se autointitula. A coluna passou a noite em uma das propriedades com temática medieval e acompanhou como funciona, na prática, as engrenagens que movimentam as baladas sacanas.
Ostentando uma coroa dourada e cercado por mulheres entre 18 e 25 anos, King fatura alto com a venda de fotos e vídeos sensuais protagonizados pelas garotas, batizadas por ele de “filhas”. “E elas me chamam de pai, são minhas protegidas”, completa. Figura carimbada no universo erótico, King teve um estalo durante os dois anos mais severos da pandemia de Covid-19, época em que o mercado do sexo definhava em razão do isolamento social. “Precisava virar a chave e achar uma saída para buscar novas ideias e incendiar o cenário”, disse.
Veja imagens de Kenny King e suas meninas na Mansão da Sacanagem:
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Reality show
King desenvolveu o projeto da mansão para hospedar uma espécie de reality show, onde câmeras indiscretas monitoram, durante 24 horas, por até sete dias consecutivos, um grupo de mulheres que produz conteúdo adulto em larga escala. O material é vendido para dezenas de milhares de seguidores interessados em consumir o produto. As imagens e os vídeos também são disponibilizados em plataformas especializadas, como o Privacy, espécie de OnlyFans brasileiro.
O rei da sacanagem rechaça o rótulo de cafetão e garante que não há prostituição em seu negócio. “Produzimos conteúdo, com contrato assinado, cachês pagos e todos trabalham por livre e espontânea vontade. O material estrelado pelas meninas também é comercializado por elas da forma que desejarem. No entanto, eu também tenho direito de vendê-los. Esse é o acordo, e todos saem ganhando. Não existe exploração sexual ou rufianismo”, garantiu.
Para evitar olhares curiosos, a mansão é itinerante, ou seja, as festas e as temporadas da Mansão King nunca ocorrem no mesmo imóvel. Não existe venda de ingresso ou valor cobrado para desfrutar do erotismo durante os eventos. Os convidados são selecionados a dedo. “Escolhemos clientes que compram os packs de fotos e assinam nosso conteúdo para se divertirem com as meninas. Ou então, homens que eu simpatize. Sim, rola de tudo na casa, inclusive longas sessões de sexo explícito entre os convidados e as meninas. Tudo sem custo para os contemplados”, contou.
Veja entrevista com Kenny King, o “Rei da Putaria”:
Mansão Playboy
A primeira temporada da Mansão King teve temática inspirada na icônica Mansão Playboy, criada pelo magnata americano Hugh Marston Hefner, morto em 2017. Poucos convidados receberam, em casa, um convite personalizado que simulava a já extinta revista erótica mais famosa do mundo. “A festa foi um sucesso e fez crescer o engajamento da mansão e das modelos no Instagram”, ressaltou Kenny King, que já conta com cerca de 100 mil seguidores em seu perfil.
A próxima temporada está marcada para ocorrer em meados de abril, e já tem temática definida. A produção de conteúdo adulto em série, os vídeos de sexo explícito com os convidados e toda a libertinagem, tão característica na casa, terão como pano de fundo o enredo do filme Fantástica Fábrica de Chocolates, clássico do cinema americano, de 1971, estrelado por Gene Wilder. No evento, King promete ser o Willy Wonka da sacanagem.
O empresário afirma que a festa será movida a puro sexo. “O título será a ‘Fantástica Fábrica de Putaria’, e pretendemos fazer um vídeo publicitário com uma releitura do clipe da música Candy Shop, do rapper americano 50 Cent”, explicou. O chefe do negócio não revela o local exato da mansão que abrigará a segunda temporada do reality erótico, mas garantiu que a festa será um divisor de águas na indústria do sexo brasiliense. “Teremos convidados que são referência nas mais variadas áreas de atuação”, contou, sem dar pistas.
Veja mais fotos do que rola na Mansão King:
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Foto dos pés
A coluna conversou com duas produtoras de conteúdo adulto que completam o time da Mansão King. Desinibida, a morena com 1,65 m e 25 anos está em seu segundo trabalho no projeto. A modelo, que pediu para ser chamada apenas de Luz, conta que se graduou em gestão de marketing empresarial. “Eu trabalho na minha área de formação, mas produzir conteúdo adulto complementa a minha renda”, revelou.
Ela explicou ter mergulhado no mundo erótico durante a pandemia. “Comecei vendendo fotos dos meus pés pelo Instagram, para alguns homens que têm esse fetiche. Eu sempre fui independente e morava sozinha. Precisava pagar o aluguel e a faculdade. Então, foquei na venda de fotos e vídeos sensuais”, disse.
Após conhecer Kenny King, a modelo resolveu fazer parte do projeto envolvendo o reality show na mansão. “A explosão de popularidade foi instantânea, e isso se refletiu no meu faturamento, pois o meu número de seguidores aumenta a cada dia. Atualmente, chego a faturar mais com esse trabalho alternativo do que com a minha profissão convencional”, brincou.
Vídeo de um pouco do que rola na casa:
Muito dinheiro
Outra modelo que integra o “casting” da mansão tem 20 anos e é conhecida pelos cabelos coloridos em tons de azul e lilás, além das tatuagens espalhadas pelo corpo. Nathy, 20 anos, conta já ter ganhado muito dinheiro com a venda de conteúdo adulto. Pontua ainda que mantém algum material em plataformas adultas. “Atualmente meu foco é a música”, relatou.
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