Comerciantes e moradores sentem insegurança na Asa Norte. Pessoas em situação de rua abordam, invadem e tocam o terror nos comércios da 215 Norte. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), no DF são quase 3 mil moradores de rua espalhados pela capital.
O empresário Felipe Nogueira relata que é comum ver moradores de rua intimidando clientes, seus funcionários, brigando entre eles e define a situação da quadra como difícil.
“Tá feia a coisa aqui, não tem muito assalto, mas eles abordam quem chega, intimidam clientes, entram na loja sem qualquer pudor. Semana passada houve uma grande confusão em frente a farmácia.”
Felipe Nogueira
Ainda segundo o empresário, a situação está tão complicada que ele evita trazer a filha e a esposa ao comércio e o medo chega também às quadras residenciais.
“A situação aqui no final da Asa Norte tá feia, está muito perigoso”, destaca.
A reportagem do Jornal de Brasília ficou por duas horas percorrendo a quadra comercial e presenciou várias ameaças aos clientes da quadra. Em frente ao bloco C da 215 Norte, um morador em situação de rua deitado na marquise de uma drogaria ameaçou uma cliente. “Tô pedindo aqui, vou ter que roubar para conseguir?”, gritou o homem que em seguida deitou na calçada.
Outra prática comum na quadra, que possui um mercado, é o pedido de cesta básica aos clientes. Segundo um empresário, que preferiu não se identificar, eles ganham a comida e tentam vender pela metade do preço para comprar drogas legais e ilegais. “Me ofereceram uma cesta básica por 15 reais”, conta.
A atendente Maria, que preferiu não se identificar por medo de represália, tem 20 anos e trabalha no comércio desde 2023, segundo a funcionária sempre tem briga entre os moradores de rua. “Semana passada uma moça saiu com a cara cheia de sangue depois de uma briga entre eles. Todo mundo tem medo aqui, se a gente fala algo, eles partem pra cima”, revela a funcionária.
A Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) informou, em nota, que na última pesquisa do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) foram identificados 2.938 moradores em situação de rua. A pasta ainda afirma que não faz remoção compulsória e possui uma estrutura completa de acolhimento, caso a pessoa em situação de rua queira deixar as calçadas do Distrito Federal.
“O papel da Secretaria de Desenvolvimento Social é viabilizar o acesso dessa população à rede de proteção social. A Sedes atende todo o Distrito Federal, incluindo à Asa Norte, por meio das equipes de Abordagem Social que fazem acompanhamento e viabilizam o acesso dessa população a benefícios socioassistenciais e serviços públicos da Assistência Social e de outras áreas, como saúde e educação. Entre esses serviços está a oferta de acolhimento institucional, quando é solicitado pela pessoa em situação de rua”, explica a Sedes.
A Secretaria de Segurança do Distrito Federal (SSP-DF) informou que os crimes de roubo a transeuntes diminuíram 69% neste trimestre, foram 13 casos em 2024 contra 42 em 2023. Já os crimes de roubos em comércio aumentaram 33%, entre janeiro e fevereiro deste ano. Ainda ressaltou que a Polícia Militar está à disposição da população pelo número 190.
A pasta destaca a importância do registro de ocorrência para todo tipo de crime, são com esses registros que a SSP consegue mapear a criminalidade e remanejar o policiamento. “Os registros de ocorrências pela população para subsidiar a elaboração de estudos e manchas criminais que indicam dias, horários e locais de maior incidência de cada crime, entre outras informações relevantes para o processo de investigação. Esses levantamentos são utilizados na elaboração de estratégias para o policiamento ostensivo da Polícia Militar, bem como para a identificação e desarticulação de possíveis grupos especializados por parte da Polícia Civil do DF (PCDF)”, conclui a pasta.
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