No fim da tarde desta quinta-feira (29/6), o Correio conversou com os moradores do Jardim Ingá, em Luziânia, região do entorno do Distrito Federal (DF), onde uma menina de 12 anos, moradora da região, foi sequestrada. A criança foi raptada no caminho entre a escola e a casa dela, dopada, e levada para o apartamento do autor do crime, na 411 Norte. Algumas pessoas que residem ou trabalham na região compartilharam a angústia em relação ao caso, bem como sua visão sobre a falta de segurança.
Uma moradora de 25 anos, que trabalha como atendente de uma loja de açaí, localizada no Jardim Ingá, mora na região desde os dois anos de idade. A funcionária disse que acompanhou a notícia desde o desaparecimento da menina pelas redes sociais. “A gente viu que as pessoas estavam divulgando no whatsapp e no instagram que ela tinha desaparecido, depois que veio a notícia do sequestro”, disse. É bem aqui próximo, mas eu nunca tinha visto caso assim, de sequestro”, completou a moradora.
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Uma técnica de celular de 24 anos, mora e trabalha na região desde os oito anos de idade e relata o sentimento de insegurança. A moradora contou que soube da notícia pela televisão e pelo instagram na manhã desta quinta-feira (29/6). “Repercutiu muito aqui e preocupou bastante a gente. Algumas vezes eu já senti insegurança, por causa do assalto. Mas nunca vi um caso tão grave assim”, afirmou. A mulher mora com seus três filhos, marido e um irmão. E desabafa como se sentiu ao saber do sequestro da criança. “Foi muito difícil ouvir as notícias. Eu sinto muito medo, porque minha filha estuda. Todos os dias a gente leva, busca. Mas depois disso, tem que ter mais cuidado ainda”, desabafou. “Eu acho que se tivesse mais policiamento, isso não tinha acontecido. Aqui tá um pouco esquecido, sim”, concluiu.
Para um analista de TI, de 23 anos, que morou a vida toda na região, o fato de o parente da vítima ser da polícia influenciou na rapidez da resolução do caso. “Querendo ou não, isso foi primordial. A gente, como civil, se chegar na polícia, não tem esse recurso que ele teve”, comentou. “Tem que esperar 24 horas, para depois consultar, abrir o BO, jogar para a Polícia Civil. Aí demora demais”, relatou o morador. “Graças a deus deu tempo de achar ela bem. Mas a probabilidade de não encontrar com vida era muito fácil”, opinou.
Como pai de um filho pequeno, o morador disse que é uma situação revoltante e que acredita que a criminalidade tem aumentado com o tempo. “Imagina? Seu filho sai para estudar, vai pra escola, e aí você recebe uma notícia dessas? Tá louco, né?”, indagou. O analista estudou em escolas públicas a vida toda, e disse que sempre se sentiu seguro na região. Aqui é meu quintal. Ao meu ver, não tinha isso antigamente, essa criminalidade louca só cresce”, explicou.
Já uma vendedora local, de 29 anos, que mora na região há pouco mais de um ano, disse que a insegurança é tanta que já está se programando para se mudar. A moradora contou que residia na região do Valparaíso, mas foi para o Jardim Ingá para não precisar pagar aluguel. “A questão da segurança aqui é muito ruim. A gente já tá vendo pra sair daqui”, relatou. A vendedora compartilhou que foi assaltada no primeiro mês depois da mudança. “Um mês que a gente se mudou, já entraram na nossa casa e pegaram a TV”, lamentou. Tô sem TV até hoje. Porque a gente não vai comprar TV pra isso, né?”, completou. Para a moradora, esse tipo de situação a faz ter mais insegurança ainda, e disse que frequentemente escuta relatos de outras pessoas que também foram vítimas de situações desse tipo (crimes sexuais).
*Estagiária sob a supervisão de Adriana Bernardes.
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